por AMNI | 11 de setembro de 2021 | Notícias, Oncologia
Por que ainda é necessário falarmos sobre o tema?
Em agosto, o calendário de saúde traz uma data muito relavante para lembrar de como os nossos hábitos influenciam diretamente o nosso estado de saúde: 29 de agosto é o Dia Nacional de Combate ao Fumo.
Ao longo dos anos, o percentual de adultos fumantes no Brasil vem apresentando uma expressiva queda. Em 1989, 34,8% da população acima de 18 anos era fumante, de acordo com a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN). Uma grande diminuição nestes números foi observada no ano de 2003, quando, na Pesquisa Mundial de Saúde (PMS), o percentual observado foi de 22,4 %. Já em 2008, segundo a Pesquisa Especial sobre Tabagismo (Petab), este percentual era de 18,5 %.Os dados mais recentes, do ano de 2019, analisados pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), apontam que percentual total de adultos fumantes estaria em 12,6 %. Sendo assim, considerando o período de 1989 a 2010, a queda do percentual de fumantes no Brasil foi de 46%. Com isto é estimado que um total de cerca de 420.000 mortes foram evitadas neste período.
Apesar deste cenário positivo, as pesquisas realizadas no Brasil por diferentes instituições de referência no assunto na última década indicam que o uso de tabaco ocupa o segundo lugar no ranking de drogas mais experimentadas por jovens no país. A idade média de experimentação de tabaco entre os jovens brasileiros é de 16 anos de idade, tanto para meninos quanto para meninas. Nacionalmente, a frequência de fumantes jovens do sexo masculino tende a ser maior do que a do sexo feminino. Os estudos indicam que a experimentação de tabaco é maior entre estudantes da rede pública de ensino e, geralmente, as frequências de uso de tabaco nos últimos 30 dias também são maiores em instituições de ensino públicas.
Além do cigarro comum, outras formas de consumo de tabaco também estão virando moda entre os jovens, como cigarros eletrônicos, vaporizadores e narguilé. Diferentemente da versão de papel, que queima por combustão, estes modelos funcionam através da vaporização. Isto é, eles contêm um líquido que, ao ser aquecido, gera o vapor aspirado e exalado pelo usuário. Segundo os fabricantes, esta seria a razão que os torna menos prejudiciais do que os cigarros tradicionais. Mas a comunidade médica enxerga com preocupação a popularização destas novas formas de fumar.
Nos Estados Unidos, por exemplo, que contam com mais de 9 milhões de usuário dos dispositivos eletrônicos de fumar, uma síndrome respiratória misteriosa já matou 12 consumidores em menos de um mês. No mesmo período, 805 casos foram registrados em 46 dos 50 estados americanos. Mais da metade dos pacientes tem menos de 25 anos e três quartos são homens. Eles costumam chegar ao hospital com dor no peito, dificuldade de respirar e febre alta.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os Dispositivos Eletrônicos para Fumar não são seguros e possuem substâncias tóxicas, além da nicotina. Podendo causar doenças respiratórias, como o enfisema pulmonar, doenças cardiovasculares, dermatite e câncer.
Já o narguilé, de berço oriental e de uso coletivo, é muito popular no Brasil, tendo papel de destaque em bares e festas frequentadas pelos jovens. E uma sessão de 20 a 80 minutos com narguilé corresponde a fumar mais de 100 cigarros.
Portanto, marcar esta data ainda é necessário para lembrar para jovens e adultos como o cigarro, e suas mais diferentes variações, são prejudiciais para a nossa saúde. O tabagismo é causa direta de mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica como bronquite e enfisema, além de ser responsável por diversos tipos de câncer como os de pulmão, boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga, colo de útero, estômago e fígado. O cigarro causa ainda doenças coronarianas como angina e infarto e doenças cerebrovasculares, como acidente vascular cerebral. Além disto, ele também aumenta o risco para desenvolver outras doenças como tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras.
Em um contexto de pandemia mundial, cujo vírus em questão ataca a capacidade respiratória do indivíduo, a necessidade de promover a luta contra o tabagismo toma ainda mais relevância. Apesar dos estudos ainda serem preliminares, é sabido que pacientes que apresentam pulmões com afecções crônicas, se acometidos pelo vírus, podem ter maior dificuldade na recuperação. Uma das principais causas de morte da Covid-19 é pela Síndrome Respiratória Aguda Grave e se você já tem um pulmão comprometido por consumo de tabaco é provável que a recuperação seja mais complexa do que se você tiver um pulmão sadio.
Por tudo isto, parar de fumar é válido e importante em qualquer idade e em qualquer momento, independente de quantos anos o indivíduo tenha feito uso do tabaco. A partir do momento que o paciente deixa de fumar, ele melhora a sua condição física e sua capacidade respiratória, além de reduzir o risco de câncer e tornar a sua função pulmonar mais adequada. Para aqueles que desejam parar de fumar, mas estão encontrando dificuldades, busque um médico. A medicina é capaz de apoiar esta sua decisão para que você tenha hábitos mais saudáveis. Tanto um clínico geral, quanto um pneumologista especializado na área de tabagismo, podem explicar as opções existentes atualmente.
Por você e por todos a sua volta, escolha parar!
por AMNI | 16 de novembro de 2020 | Notícias, Oncologia
Chegamos em outubro, o mês em que temos a mais conhecida campanha de prevenção de câncer: Outubro Rosa. A campanha foi criada no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e é celebrada anualmente com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença. Além disto, a campanha visa também proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento, contribuindo para a redução da mortalidade. Por isto, este mês vamos tratar sobre o câncer de mama neste espaço.
O câncer de mama é o tipo de tumor que mais acomete as mulheres brasileiras, excluídos os tumores de pele não melanoma. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados 66.280 novos casos da doença no nosso país, ao longo de 2020. Apesar de raro, o câncer de mama também acomete homens, representando apenas 1% do total de casos da doença.
Esta é uma enfermidade causada pela multiplicação desordenada de células da mama, que gera células anormais, as quais, ao se multiplicarem, formam um tumor. Existem vários tipos de câncer de mama, o que faz com que a doença possa se desenvolver de formas diferentes em cada organismo. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem mais lentamente. Estes comportamentos distintos se devem a características próprias de cada tumor.
Um dado muito importante de ser falado quando tratamos de câncer de mama é que: O tumor, quando diagnosticado precocemente, em estágio inicial e com menos de 1 centímetro, tem 95% de chance de remissão. Trazer esta informação é de extrema relevância, pois o câncer de mama consegue ser rastreado e descoberto de forma precoce através de um exame periódico: a mamografia. Este exame é uma radiografia das mamas feita por um equipamento de raios X chamado mamógrafo, capaz de identificar alterações suspeitas de câncer antes do surgimento dos sintomas, ou seja, antes que seja palpada qualquer alteração nas mamas. A Sociedade Brasileira de Mastologia orienta que mulheres, a partir dos 40 anos, façam anualmente a mamografia.
Mulheres mais jovens, que não tenham indícios de risco elevado de câncer de mama, não são aconselhadas a fazer mamografia, pois nessa idade as mamas são mais densas, o que pode fazer com que o exame apresente muitos resultados incorretos. Porém, independente da idade, é importante incentivar as mulheres a conhecer seu corpo para saber o que é e o que não é normal em suas mamas. Sintomas como: nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor, pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja, alterações no mamilo, pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço e saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos devem ser sinais de atenção para as mulheres, que logo devem procurar os serviços de saúde para avaliação diagnóstica. A postura atenta das mulheres em relação à saúde das mamas é fundamental para a detecção precoce do câncer da mama.
Existem alguns fatores de risco que fazem com que o câncer de mama tenha maior possibilidade de desenvolvimento. A idade é um dos principais, visto que cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem em mulheres com mais de 50 anos. Além deles, outros fatores também devem ser observados: a obesidade e sobrepeso após a menopausa, primeira menstruação antes de 12 anos, menopausa após os 55 anos, uso de contraceptivos hormonais, ter feito reposição hormonal pós-menopausa e ter histórico familiar de câncer de mama ou/e ovário.
Um nódulo ou outro sintoma suspeito nas mamas deve ser investigado para confirmar se é ou não câncer de mama. Para a investigação, além do exame clínico das mamas, exames de imagem podem ser recomendados, como mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética. A confirmação diagnóstica só é feita, porém, por meio da biópsia, técnica que consiste na retirada de um fragmento do nódulo ou da lesão suspeita por meio de punções (extração por agulha) ou de uma pequena cirurgia. O material retirado é analisado pelo patologista para a definição do diagnóstico.
Uma vez diagnosticado, o tratamento do câncer de mama depende da fase em que a doença se encontra (estadiamento) e do tipo do tumor. Pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica (terapia alvo). Muitos avanços vêm ocorrendo no tratamento do câncer de mama nas últimas décadas. Na comunidade científica, hoje, já existe mais conhecimento sobre as variadas formas de apresentação da doença e diversas terapêuticas estão disponíveis.
Uma pesquisa de 2019, divulgada na Revista Cancer Epidemiology e realizada em parceria pelas Universidades de São Paulo (USP) e de Harvard (EUA), calcula que cerca de 30% dos casos de câncer no Brasil poderiam ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis, como não fumar e praticar atividades físicas. Nestes números, inclui-se também o câncer de mama.
Por isto, é importante ressaltar que manter uma dieta equilibrada baseada em uma alimentação rica em legumes, frutas, vegetais, grãos e com baixo consumo de sal, açúcar e alimentos ultraprocessados é de extrema importância na prevenção do câncer de mama. Alinhar esta nutrição adequada com exercícios físicos regulares diminui ainda mais o desenvolvimento do câncer de mama, pois a atividade física promove o equilíbrio dos níveis de hormônios, reduz o tempo de trânsito gastrointestinal, fortalece as defesas do corpo e ajuda a manter o peso corporal adequado.
Mulheres, neste outubro rosa busquem manter uma rotina saudável, evitando hábitos como o tabagismo ou o consumo excessivo de álcool, permanecendo próximas dos seus médicos e não se esquecendo dos exames periódicos. A prevenção do câncer de mama não deve ser feita apenas em outubro, mas sim todos os dias em pequenas atitudes na vida de vocês.