A tradição de dedicar uma data para reivindicar o direito da mulher vem do final do século XIX. Mas foram diferentes fatos no século XX que derivaram para a celebração que conhecemos hoje. Um deles, talvez o mais simbólico, mas não o único, ocorreu em 25 de março de 1911, quando 149 pessoas, a maioria mulheres, morreram no incêndio da fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova York. O incidente revelou as penosas condições nas quais trabalhavam as mulheres, muitas delas imigrantes e muito pobres. Não foi um fato isolado – três anos antes, houve outro incêndio em circunstâncias similares – mas esta tragédia acabou por marcar o calendário do mundo, que, gradativamente, foi desenhando um caminho, até que o “Dia da Mulher” ganhasse visibilidade internacional.

A trajetória, que teve início com cunho sindicalista, evoluiu, perdeu a palavra “trabalhadora” do seu título. E hoje, o dia 8 de março – data oficializada pela ONU em 1975 – além de ser um pleito à igualdade de direitos políticos e sociais aos gêneros é, principalmente, um momento para lembrar que ainda há muito a ser alcançado.

Talvez você não se dê conta, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimava, em 2014, mais de 125 milhões de vítimas da excisão, praticada em 29 países da África, Ásia e Oriente Médio. Segundo a UNICEF, 30 milhões de adolescentes femininas ainda podem sofrer essa mutilação genital nos próximos dez anos, infelizmente, vítimas de uma tradição cultural que causa dores física e psicológica extremas, além de sangramento prolongado, HIV, infertilidade e morte em nome de um controle da libido. E, se o Brasil alimenta o estereótipo da liberdade, da ausência de preconceitos, assuste-se: De acordo com a Dpam (Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher), da Polícia Civil, o número de registros de violência contra a mulher, de maneira geral, tem crescido. Durante o Carnaval, ao menos uma mulher foi agredida a cada 3 minutos e 20 segundos na capital fluminense.

Quando se olha a prevalência da violência dividida por escolaridade no Brasil, percebe-se que é mais baixa entre as universitárias do que entre as analfabetas. A prevalência de violência por parceiro íntimo entre universitárias é de 18% — o que é muito —, mas entre as sem escolaridade chega a 40%. Certamente você mesmo já presenciou, ouviu ou cuidou de mulheres que vivenciaram a violência, assédio sexual, assédio moral… Todas essas, expressões que vêm sendo construídas por um movimento da sociedade e que fazem reconhecer que determinada questão passou a ser inaceitável. É um problema tão importante, que justifica a força do “Dia Internacional da Mulher” ainda hoje, quando se realizam conferências, debates e reuniões que discutem o papel da mulher na sociedade, com o objetivo de diminuir e, quem sabe, erradicar a desvalorização feminina.

Trazendo para o nosso universo, os impactos para a saúde têm sido fartamente demonstrados. A violência doméstica e sexual aumenta o risco de abuso de álcool e drogas, DST e AIDS, aborto, prematuridade, queixas vagas, dor crônica, uso de serviços de saúde. Por outro lado, há uma consciência de que as políticas públicas de saúde devem prover diagnóstico, prevenção e tratamento. O mais recente avanço para o país foi a vacina de HPV, aplicada em jovens.

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