Fico assistindo atônito as discussões sobre a assistência médica no Brasil, e não sou convidado para participar.

Os gestores públicos, repetidamente, informam que não há verba suficiente para garantir o atendimento médico e, com esse discurso, fecham as unidades de saúde pública ou as mantêm “funcionando” em condições precárias.

As operadoras de saúde reclamam, incessantemente, do aumento da tal da sinistralidade. Defendem que há uso abusivo pelos pacientes, os médicos exageram em seus procedimentos, os hospitais superfaturam, a ANS é madrasta e o Judiciário é cruel.

Os médicos criticam os salários baixos e atrasados, os valores praticados pelas operadoras de saúde, a falta de condições de trabalho nos serviços públicos, o cerceamento do livre exercício da profissão imposto pelos planos de saúde, o alto investimento para se formar, especializar-se e se manter atualizado e, por fim, a altíssima carga tributária para o exercício da profissão, com mais de 30% entre Imposto de Renda e ISS.

O Conselho Regional de Medicina vive observando, criticando, denunciando e cobrando atitudes para regularizar a assistência médica, porém não consegue lograr êxito na maioria das vezes.

O governo alega déficit na previdência, o que aos olhos de alguns críticos, como por exemplo o senador Paulo Paim, isso é balela para aumentar a arrecadação. O governo obriga-me a trabalhar até quase a morte e ainda propõe o pagamento de um plano de saúde popular para me dar direito ao atendimento na rede do SUS.

E eu? Como fico? Sou o paciente! Pago meus impostos, e/ou a mensalidade do plano de saúde, religiosamente, em dia, e, quando necessito de atendimento, ao invés de consegui-lo só recebo justificativas pela falta dele. Até concordo que estou obeso, sedentário, fumante, não controlo meu colesterol e glicemia e nem faço exames preventivos. Mas a dificuldade de acesso à assistência médica também é fator propiciador dessa minha condição.

Será que a minha melhor atitude será contratar um plano de assistência funeral para, pelo menos, morrer com dignidade? Ou me candidatar a cargo político para ser tratado no Einstein? Ou ainda ter de bancar todo meu atendimento médico particularmente? Enfim: Viver com saúde está impossível!

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